O mês de fevereiro acabou (i.e., carnaval) e restam 20 dias para o início de 2023/1. A infraestrutura básica do Fred23 está concluída, e de fato lembra o processo de construir uma escola física, do zero.
O sistema representa a operação de instituições de ensino em geral, com toda a burocracia imaginável e inimaginável que precisa ser coordenada:
- Os cursos ofertados, considerando o calendário acadêmico geral;
- As disciplinas que integram os cursos;
- O calendário semanal de cada disciplina, incluindo prazos para iniciar e concluir estudos, entregar trabalhos e receber devolutivas;
- A alocação de cada professor, estudante e monitores na “sala” que sediará as disciplinas (felizmente, não temos o problema de “espaço”);
- Os materiais didáticos e paradidáticos que serão utilizados em cada encontro (outra vantagem, tudo digital, sem limitações de exemplares);
- O acompanhamento semanal das turmas, enquanto avançam no programa da disciplina, pelo professor e monitores;
- Espaços de convivência, trocas e interações informais entre todos, com ou sem relação com as disciplinas em curso;
- As avaliações de desempenho, seus procedimentos de correção, entrega de devolutivas e composição do “boletim” dos estudantes;
- O monitoramento docente quanto ao andamento da disciplina, evitando desmotivação ou desinteresse em decorrência de barreiras (estudantes com dificuldades para avançar) ou tédio (quando o avanço está fácil demais).
No Fred2, tomei decisões em todas as áreas acima em duas semanas. Não foram as melhores escolhas e paguei o preço “administrativo” de decisões equivocadas. Desta vez, tentei otimizar as rotinas, facilitar a criação de vínculos e alocação de recursos. A principal mudança é o coração do cotidiano das disciplinas: o acesso a material didático, paradidático (banco de mídias) e as avaliações (banco de testes).
O banco de mídias muda a lógica dos links, vídeos, imagens e demais arquivos para download disponibilizados para os estudantes. Na versão anterior, fiz a opção que a maioria dos gestores de conteúdo fazem: cadastro manual e upload, item a item, com possibilidade de vinculá-los posteriormente aos módulos e atividades.
No final de 2022/1, o Fred2 tinha mais de 600 itens, entre links, arquivos e imagens. Estes estavam espalhados por quase 200 módulos e cerca de 1000 atividades. Sempre faço revisões e ajustes, considerando os interesses das novas turmas. Tornou-se absolutamente impossível lembrar onde cada mídia foi utilizada, mesmo com recursos de busca e estatísticas detalhadas de uso e acesso. O trabalho de vincular era trivial com 20-30 itens de mídia por disciplina, mas transformou-se em uma cruzada depois da segunda ou terceira oferta.
No Fred23, automatizei o processo. A associação entre módulos e atividades é baseada em descritores (tags) e nos registros de acesso das turmas. Posso cadastrar os itens livremente e deixar que a rotulagem dos módulos e itens selecione os links pertinentes da base. Links importantes e pouco clicados são identificados para que eu reforce a importância deles para a turma. Se eu precisar remover um link, ou deslocá-lo para outro módulo, basta mudar seu descritor sem precisar alterar outros registros.
Com a adoção de Markdown, adicionei um seletor de mídias, do mesmo banco citado anteriormente, que permite inserir os marcadores na edição do conteúdo do módulo ou atividade. Na versão anterior, havia ferramenta de upload dedicada dentro da edição do módulo, sem formação de uma base comum de imagens para toda a plataforma (esta parte foi muito, mas muito feita na pressa em 2020). A mídia, de qualquer natureza, que serviu de ilustração em um módulo pode ser parte do enunciado de uma atividade, sem retrabalho.
Por fim, o banco de testes (anteriormente rotulado de “banco de atividades”) usa a mesma lógica do banco de mídias, com esteroides. No Fred2, eu criava e vinculava as atividades aos módulos, uma por uma, podendo no máximo mudar a ordem de exibição. Módulos tinham, quando muito, dez (10) atividades, que poderiam ser objetivas, discursivas, código (incluindo HTML/CSS) e fases do RocketSocket.
O Fred23 implementa Computerized Adaptive Testing (CAT), que na prática ajusta a dificuldade das questões exibidas de acordo com os progressos do estudante. Há um banco monstruoso, geralmente três a quatro vezes maior que o número de questões que serão servidas ao estudante em cada módulo. Todos começam a responder no mesmo nível de dificuldade, para estabelecer a linha de base, para na sequência seguirem caminhos distintos, conforme erros e acertos. Além da parte frontal, que “serve” as atividades, nos bastidores há o “construtor de testes”. Este mecanismo é responsável por construir um teste personalizado para cada estudante, estimando dificuldade e desempenho com base nos resultados anteriores. Dependendo do rendimento, ajusta a estimativa no decorrer da aplicação do teste e calibra as estimativas futuras.
Finalmente, implementei uma série de recursos para analisar os escores do teste, inicialmente utilizando a teoria clássica dos testes e modelos logísticos de um parâmetro (Rasch). Com o refinamento do banco de testes, pretendo gradualmente adicionar recursos mais avançados, embora o problema do baixo número de estudantes por turma (~30) dificulte satisfazer os requisitos da TRI.
Faltam 20 dias!