Pré-Fred e Fred1 (2017-2019)
A primeira versão “analógica” do que viria a se tornar o Fred começou a ser testada em 2017/2 e foi aprimorada gradualmente no ensino presencial até 2020, como comentei rapidamente no vídeo do post anterior. O interesse por sistemas personalizados de ensino (PSI) surgiu antes do meu estágio de pós-doutorado. Fiz um (ótimo) curso introdutório no Centro Paradigma, entre o primeiro e segundo semestre letivos de 2017, e decidi aprofundar os estudos no pós-doutorado.
As origens da versão digital são de 2018 e não tinham como objetivo a utilização em sala de aula. Não havia a menor demanda por soluções mais complexas que o Moodle para apoiar o ensino presencial, então aproveitei uma pesquisa de mestrado realizada no Programa de Pós-Graduação em Enfermagem (PPGEnf) da Ufes para adaptar os princípios dos PSIs a cursos de atualização da área de saúde.
Ao representar as operações de sala de aula no mapa conceitual, ficou evidente que as principais mudanças introduzidas pelos princípios do PSI eram na gestão do processo: como o estudante acessa os conteúdos, como progride, os critérios para esta progressão, o que fazer em caso de dificuldades e assim por diante. A primeira encarnação Web do Fred é visualmente muito diferente daquela desenvolvida para o ensino remoto em 2020 (mídias ficavam na lateral, links de apoio no rodapé, menu do tipo dropdown [Bootstrap], atualização da interface de modo assíncrono, inclusive atividades), embora semelhante quanto aos princípios gerais.
Há inúmeras formas de interpretar os princípios do PSI em sistemas digitais interativos, enfatizando diferentes aspectos do processo. O fluxograma a seguir integra um trabalho publicado por pesquisadores da Universidade de Manitoba (Canadá), em que uma versão modificada da taxonomia de Bloom foi proposta para avaliar respostas de estudantes de Psicologia em contextos de PSI auxiliado por computador (Computer-Aided PSI, CAPSI).
Aos poucos, compreendi que a parte mais trabalhosa dizia respeito ao planejamento cuidadoso do curso em si, o que na literatura ficou conhecido como “programação do ensino”. Há fortes preocupações com:
- A redação precisa dos objetivos instrucionais (p.ex., Mager);
- A apresentação de enunciados (prompts) que denotem comportamentos específicos esperados dos estudantes (p.ex. listar, enumerar, comparar);
- A explicitação dos desempenhos que serão considerados satisfatórios para a atividade em questão;
- A apresentação de devolutivas de qualidade para cada resposta, seja objetiva ou discursiva.
- Estudantes precisam aprender com o erro de modo sistemático, não pela chance de descobrirem sozinhos os problemas de suas respostas.
Os mesmos pesquisadores de Manitoba disponibilizaram um tutorial passo a passo para a elaboração de cursos utilizando o WebCAPSI (PSIs auxiliados por computador e na Web) deles. Apesar das especificidades do sistema proprietário, é possível extrair boas ideias para adaptar ambientes virtuais como Moodle e Google Classroom para apoiarem PSIs.
O Fred1 foi abandonado porque era muito difícil de atualizar. O fluxo de criação e atualização de cursos era muito trabalhoso porque adotei uma concepção radical de modularidade para os conteúdos (até então, denominados “quadros”), mídias a atividades. Tudo poderia ser vinculado a tudo, em qualquer ordem e hierarquia, o que demandava o cadastro de muitos itens para que o curso começasse a ser visualizado. O Fred2 reduziu essas demandas substancialmente (cursos com apenas um módulo, sem nenhum tipo de mídia ou atividade, são permitidos) e o Fred23 simplificará ainda mais o processo por meio da implementação dos bancos de mídias e bancos de atividades.